Artigo: Educação descentralizada e acessível

A pandemia escancarou diversos problemas já conhecidos da sociedade, um deles é  a precariedade no sistema educacional. Problemas que pareciam resolvidos com a inserção de tecnologias em salas de aula, aceleraram a urgência do debate acessível e com base em dados coerentes com a realidade.

Durante a pandemia a restrição de acesso a aulas não foi só por conta da quarentena, mas também pela falta de politicas públicas bem estruturadas na infra de escolas e universidades que pudessem possibilitar sistemas online de aulas. 2020 foi quase todo sem aulas. Muitos, pensando que 2021 seria diferente, tiveram que abdicar de realizar vestibular e o ENEM. Outro ponto que já foi apontado diversas vezes em pesquisas, a falta de acessos a tecnologias e internet no Brasil por boa parte da população, o ensino a distância não era visto como uma possibilidade e se tornou indispensável nos dois últimos anos. Porém, não há estrutura no brasil que suporte um ensino totalmente a distância, a palavra da vez tem sido o ensino híbrido mas, precisamos preparar todo o corpo docente e os alunos para isso.  

A descentralização educacional pode ser vista por diversas perspectivas, uma delas é a própria centralização atual em softwares proprietários( Google, Microsoft…) pelo custo e as diversas formas de interação permitidas pelos softwares, se tornaram parte da educação digital.

Educação descentralizada: 79% das escolas utilizam serviços da Google ou Microsoft para gerenciar e-mails
Educação descentralizada: 79% das escolas utilizam serviços da Google ou Microsoft para gerenciar e-mails

Segundo o Observatório Educação Vigiada, "os dados da América do Sul mostram o domínio das empresas Google e Microsoft sobre o gerenciamento dos e-mails das instituições públicas de ensino superior. Das 448 instituições pesquisadas, 79% utilizam serviços dessas empresas como solução de gerenciamento de e-mails – institucionalmente ou em alguma unidade (faculdades ou institutos) – com ampla vantagem para a Google, presente em 63% das instituições. Já a Microsoft aparece em 16% das instituições.” Tudo isso é preocupante , pela falta de transparência da coleta e processamento dos dados educacionais, pela falta de segurança da informação, já que são constantes ataques a vídeo aulas usando estes softwares e por último, nossos dados educacionais não tem polícia de dados abertos , ou seja, estamos centralizando em mais uma esfera que vai além das fronteiras da América do Sul .  

Muitas pesquisas estão sendo feitas sobre a união da tecnologia e da educação para gerar descentralização e acesso, mas pouco estamos debatendo sobre como esta relação tem sido feita, novamente , com empresas nomeadas como Big Techs com extensos problemas de privacidade e segurança dos dados tomando a frente desta união. Além disso são empresas associadas a ideia de plataformas sociais ou redes sociais tornando a realidade mais próxima do digital,  dissociando o mundo educacional do mundo real,  e o maior prejudicado são os estudantes , que não conseguem diferenciar critica de opinião , pois estão associando debates a ataques pessoais, isso é a evolução da linguagem de rede social . Muitos professores, tão prejudicados com a crise atual, se viram obrigados a ter redes sociais para manter seus empregos, sem perceber que tudo isso é influência dos usos de softwares proprietários e da evolução da cultura digital focada em centralização do conhecimento .  

O debate não tem como ser levantado com um único texto mas a curiosidade talvez sim, ao chegar neste paragrafo experimente procurar se os dados do Enem 2020 já foram divulgados, procure saber se as empresas citadas aqui divulgam algum documento de transparência para a sua instituição , procure saber se fato descentralização tem a ver com inserção tecnológica . Descentralização está mais ligada a estrutura educacional em meio a Covid. O caminho mais fácil parece ser entregar nossos dados a outros continentes , como deter isso? 

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