Em um país com dimensões continentais e marcado por desigualdades, garantir o acesso e a permanência de jovens na escola é desafiador. 

Em 2019, antes da pandemia, quase 1,1 milhão de crianças e adolescentes em idade escolar obrigatória estavam fora da escola, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apontados no levantamento “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil”, realizado pelo Unicef. A maioria nas faixas etárias de 15 a 17 anos, idade na qual todos deveriam estar cursando o Ensino Médio, e de 4 e 5 anos, que corresponde à Pré-Escola.

Com a pandemia e o aumento das desigualdades sociais e educacionais, temos um longo caminho para garantir a permanência de jovens na escola, especialmente no Ensino Médio.

Abandono escolar

No Brasil, a taxa de abandono escolar vinha apresentando queda desde 2010. Em 2020, cerca de 2,6% dos alunos matriculados no ensino médio das redes estaduais de ensino abandonaram a escola. Em 2021, esse número mais que dobra: chegando a 5,8%, um pouco acima da taxa de abandono de 2019 (5,5%). 

No entanto, é preciso lembrar que em 2020, primeiro ano da pandemia, o MEC emitiu o parecer nº 5/2020 em que recomendou a flexibilização de currículos e readequação dos critérios de avaliação e esforços para evitar a reprovação e o abandono. Ou seja, o parecer foi uma tentativa de redução das taxas de abandono escolar em todo país. 
 

Em 2021, quatro estados registram uma alta taxa de abandono: Rio Grande do Sul (11,11%), Bahia (11,5%), Pará (17%) e Rio Grande do Norte (18,4%). Eles estão destacados em vermelho no gráfico abaixo:

A taxa de abandono no Rio Grande do Norte teve um aumento considerável, saltando de 9,5% em 2019 para 18,4% em 2021. Vale ressaltar que abandono escolar não é o mesmo que evasão. 

“A taxa de rendimento mede apenas se o aluno foi aprovado, reprovado ou abandonou a escola. Os dados não mostram a evasão escolar, ou seja, se o jovem que estava no anterior foi de fato matriculado no ano seguinte", ressalta Katcha Poloponsky, Especialista da Assessoria de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho.

Estes e outros dados sobre rendimento escolar podem ser acessados na Plataforma Juventude, Educação e Trabalho

Evasão Escolar e distorção idade/série

Em 2021, 407,4 mil jovens de 15 a 17 anos estavam fora da escola e não completaram o ensino médio. O que corresponde a 4,4% dos jovens nessa faixa etária.

Houve uma redução de 2020 para 2021 no percentual de jovens de 15 a 17 anos matriculados no Ensino Médio Regular ou que já concluíram o Ensino Médio. 

O levantamento feito pelo Todos Pela Educação mostra que em 2021 houve um aumento dos jovens de 15 a 17 anos que estavam frequentando etapas anteriores (Ensino Fundamental Regular, EJA do Fundamental, ou Alfabetização de Jovens e Adultos). O aumento foi de 1,6 milhão em 2020 (17,5%) para, aproximadamente, 1,9 milhão em 2021 (20,3%).

Ainda não sabemos quantos anos serão necessários para recompor as aprendizagens e recuperar os efeitos gerados pela pandemia. No entanto, os dados já começam a mostrar os efeitos do Covid-19 nas taxas de rendimento e atendimento escolar. 

Pesquisa Juventudes e Pandemia: e agora?

Para entender as consequências e construir soluções, é preciso continuar monitorando e acompanhando esses dados. Por isso, a Fundação Roberto Marinho está lançando a pesquisa “Juventudes e a Pandemia: e agora?”

Esta é a terceira edição da escuta que traz um questionário em que jovens de 15 a 29 anos podem responder livremente. A coleta vai até o dia 9 de agosto de 2022. 

A iniciativa é coordenada pelo Atlas das Juventudes e realizada em parceria com o Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Mapa Educação, Porvir, UNESCO e Visão Mundial, com apoio do Itaú Educação e Trabalho, GOYN-SP e UNICEF.

Se você tem entre 15 a 29 anos, pode responder a pesquisa, basta acessar aqui!