Notícia: Dia Mundial da Alfabetização: cresce 66,3% o número de crianças que não sabem ler nem escrever

Dia Mundial da Alfabetização: cresce 66,3% o número de crianças que não sabem ler nem escrever

8 de setembro é o Dia Mundial da Alfabetização e a pandemia intensificou os desafios para a garantia da leitura e escrita em idade adequada

O Dia Mundial da Alfabetização é celebrado em 8 de setembro. A data, criada em 1967 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), serve de alerta para a importância da alfabetização em idade adequada.

Alfabetização em números

No Brasil, existem 11 milhões de pessoas de 15 anos ou mais analfabetas – o que corresponde a cerca de 6,6% dos brasileiros, de acordo com a PNAD Contínua de 2019. 

A meta do Plano Nacional de Educação é erradicar o analfabetismo até 2024. Mas, com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia do coronavírus, a alfabetização foi prejudicada, especialmente entre as crianças de 6 a 7 anos.

Entre 2019 e 2021, houve um crescimento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos que não sabiam ler e escrever no Brasil. O número passou de 1,4 milhão (2019) para 2,4 milhões (2021), de acordo com levantamento feito pela ONG Todos pela Educação.

Desigualdade

Apesar da não-alfabetização na idade adequada afetar o país de maneira geral, existe uma diferença considerável entre crianças mais ricas e as mais pobres. Dentre as crianças residentes em domicílios mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6% (2019) para 51,0%, (2021). Dentre as crianças mais ricas, o crescimento foi de 11,4% para 16,6% no mesmo período.

Quando fazemos um recorte racial, também podemos ver uma diferença significativa. Em 2019, cerca de 28,8% crianças pretas e 28,2% crianças pardas não sabiam ler nem escrever. Em 2021, esse número foi para 47,4% e 44,5%, respectivamente. Entre crianças brancas, o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.

A nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”, divulgada pela organização, declara que “a situação é preocupante em diversas dimensões”.

De olho no PNE!

Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o 3º ano do Ensino Fundamental até 2024 é a meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE). 

Em 2019, menos da metade das crianças que chegaram ao 3º ano tiveram aprendizagem considerada adequada em leitura (45,3%). E 66,1% dos alunos neste mesmo ano têm aprendizagem adequada em escrita. 

Recuperar e potencializar a aprendizagem

A não-alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras e aumenta os riscos de reprovação, abandono e/ou evasão escolar. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece a alfabetização como foco principal da ação pedagógica nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. 

Para recuperar a aprendizagem dos alunos, especialmente os mais pobres, Maria Alice Junqueira, coordenadora de projetos do Cenpec, defende a adoção de medidas rápidas e estratégicas: “A situação é emergencial e requer uma ação rápida, com estratégias para, mais do que recuperar, potencializar a aprendizagem dos estudantes. É preciso diagnóstico, priorização das habilidades da BNCC e formação dos professores e gestores.”, afirma a especialista. [Confira a entrevista com Maria Alice Junqueira na íntegra]

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