QEdu Juventudes e Trabalho: novos dados permitem retrato atualizado dos jovens do Brasil
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As juventudes em sua relação com a educação e o mundo do trabalho
A QEdu Juventudes e Trabalho foi lançada em março de 2024, abrigada no QEdu, o maior portal de dados educacionais abertos do País, e alimentada pelos dados das edições da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a divulgação da Pnad Contínua Educação/IBGE 2023, foi feita a atualização da base de dados da plataforma.
A partir desse retrato mais preciso da realidade das juventudes em sua relação com a educação e o mundo do trabalho, alguns cenários puderam ser mais facilmente percebidos com a ajuda do QEdu Juventudes e Trabalho, que foi a fonte de dados do que esta matéria traz a seguir, assim como dos gráficos utilizados (exceções terão seus respectivos links das fontes de dados externas informados, quando for o caso).
População jovem diminui
O Brasil possui pouco mais de 48,5 milhões de jovens (entre 15 e 29 anos), o que corresponde a aproximadamente 25% da nossa população. Apesar da proporção, o número de jovens está em queda: em 2012, eram quase 52 milhões de pessoas nessa faixa etária.
Ao observarmos esse universo sob a ótica da conclusão da educação básica, vemos que, em 2023, 9,2 milhões de jovens estavam fora da escola sem concluírem essa etapa de formação.
Ainda que a realidade seja de melhora do quadro nos últimos 10 anos (em 2012, eram quase 15 milhões de jovens nessa condição), o que temos hoje ainda requer muita atenção: estamos falando de 19% dos jovens do Brasil.
E a maioria delas e deles é de pessoas que não concluíram sequer o Ensino Fundamental, como podemos ver no gráfico abaixo.
Educação no país ainda é excludente - especialmente para jovens não-brancos. Vejamos:
Dos jovens que estão fora da escola sem ter concluído a educação básica (9,2 milhões), 71% delas e deles são negros.
Esse problema tem maior incidência entre os jovens negros (22,4%) quando comparado aos jovens brancos (13,6%).
O recorte racial que vemos a partir do QEdu Juventudes e Trabalho evidencia a necessidade de maiores, mais eficazes e permanentes esforços direcionados a um plano de educação antirracista, que contemple currículo e ações em consonância com o as Leis 10.639/03 e 11.645/08, além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira(LDBN) - a Lei 9.394/96.
Motivos para os jovens não frequentarem a escola
No Brasil, em 2023, dos jovens que estavam fora da escola sem ter concluído a educação básica, quase a metade (42%) indicou que “a necessidade de trabalhar” era o motivo mais frequentemente alegado para não retomarem os estudos.
No entanto, se entre os homens a necessidade de ter um emprego se destacou (53%, seguido por "desinteresse", com 25%), entre as mulheres vemos três razões alegadas como as principais (em proporções parecidas):
- Necessidade de trabalhar (25%)
- Gravidez (23%)
- Desinteresse (21%)
Ao evadirem, jovens carregam consigo consequências que impactam substancialmente seu futuro. No mundo do trabalho, elas e eles acabam por enfrentar maior dificuldade na busca por oportunidades. Como tiveram de sair da escola quando a frequentavam na idade indicada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira(LDBN) - a Lei 9.394/96, muitas vezes precisam conciliar o trabalho com o estudo.
Idades recomendadas para o ingresso na escola conforme a etapa de ensino/formação:
- Educação Infantil (pré-escola): 4 anos (conforme a Lei nº 12.796/2013, que ajusta a Lei de Diretrizes e Bases, tornando obrigatória a oferta gratuita de educação básica a partir desta idade).
- Ensino fundamental: 6 anos.
- Ensino Médio: 15 anos (concluindo a educação básica aos 17 anos de idade).
Jovens fora da escola e sem trabalho
No Brasil, cerca de 10,5 milhões de jovens estão sem estudar e sem trabalhar (22%). Apesar de a realidade de falta de oportunidades de formação (educação) e de emprego (trabalho) ter caído, se comparada ao que tínhamos em 2019 (22,4%), a redução, ainda tímida, reflete a realidade de desigualdade social que enfrentamos no nosso país.
Conforme vemos no QEdu Juventudes e Trabalho:
"A baixa qualificação e a pouca experiência dificultam a inserção digna no mercado de trabalho. Muitas vezes os jovens (principalmente os menos escolarizados) só encontram oportunidades na informalidade, trabalhando sem carteira assinada, como autônomos informais, ou apenas fazendo “bicos”, em condições mais precárias, com baixos salários e com poucas perspectivas de futuro".
Dentre os jovens fora da escola e sem trabalho, as mulheres correspondem à maior parte: em torno de 28% das jovens estão nessa condição. Na população dos homens jovens, os dados mostram que 15% deste grupo etário está sem estudar e sem trabalhar.
Assim como apresentado mais acima nesta matéria (quando tratamos apenas do recorte de "jovens fora da escola"), no cenário dos jovens que estão sem estudar e sem trabalhar (cerca de 10, 5 milhões), os números explicitam ainda mais a desigualdade social (com viés racial) que temos no país: 72,5% delas e deles são negros.
Esse problema tem maior incidência entre os jovens negros (24%) quando comparado aos jovens brancos (18%).
Acesso à educação: uma questão social
Ao mesmo tempo que vemos questões relacionadas a gênero (mais mulheres estão sem estudar e/ou trabalhar) e raça (mais não-brancos estão nessa condição também) quando analisamos o acesso à educação básica e a relação disso com a inserção no mundo do trabalho, temos outro sinal que corrobora a força de uma realidade de desigualdade social - este, dos mais evidentes: a renda.
42% dos jovens entre os 25% mais pobres estão fora da escola e sem trabalhar. Entre os 25% mais ricos, o percentual é de apenas 6% dos jovens.
Como citamos anteriormente, a maioria dos jovens que saem da escola o fazem antes mesmo de concluírem o Ensino Fundamental. Cruzando esta informação com dados relacionados à renda delas e deles, chegamos a um retrato já esperado: menos escolaridade, menores salários.
Vejamos:
- R$1.362 entre aquelas e aqueles sem o ensino médio completo;
- R$3.594 entre aquelas e aqueles com ensino superior completo.
Ao traçarmos mais um viés comparativo (o racial), temos o seguinte: em 2023, jovens pretos ou pardos no Brasil ganhavam, em média, 27% menos que os jovens brancos (R$1.705 e R$2.326, respectivamente).
Mulheres, por sua vez, ganhavam, em média, 12% menos que homens (R$1.824 e R$2.068, respectivamente).
Informalidade, desemprego e pobreza
Inseridos em uma realidade desigual de oportunidades de formação/ensino e, consequentemente, no mundo do trabalho, não é de se espantar o alto grau de informalidade entre jovens que trabalham no nosso país: no Brasil, em 2023, 45% dos jovens ocupados estavam na informalidade.
Confira um comparativo de taxas de informalidade de acordo com o tipo de formação no ensino médio e a conclusão/inconclusão:
- Jovens que concluíram o ensino técnico de nível médio possuem menores taxas de informalidade: 36,4%
- Seguidos de jovens com ensino médio completo : 41,1%
- Jovens que não concluíram o ensino médio têm a maior taxa de informalidade: 63,9%.
Importante: novamente, a análise dos dados de acordo com o aspecto racial reforça um cenário de realidade mais complexa para não-brancos:
63% dos jovens na informalidade são negros; 35% são brancos.
Taxa de desemprego entre jovens cai
Em 2023, houve redução na taxa de desemprego entre os jovens: 14,1% - o menor patamar para o 2º trimestre desde 2014, quando estava em 12,4%.
Se, por um lado, houve melhora, por outro vemos que o percentual de pessoas (jovens) desempregadas ainda é bem maior que a taxa entre os adultos (5,8%).
Da mesma maneira que vimos com relação à taxa de informalidade, percebemos que maior escolaridade resulta em uma maior quantidade de oportunidades profissionais: entre os jovens sem o ensino médio completo a taxa foi de 18,6%. Para fins de comparação: a taxa de desemprego dos jovens com ensino superior foi de 6,8%.
Pobreza
Enquanto praticamente metade (49,3%) dos jovens das famílias mais pobres do país não estuda nem trabalha, o que vemos entre os 10% mais ricos vai pelo caminho oposto: apenas 7,1% delas e deles estão em situação de evasão escolar e desemprego. Na baixa renda, houve piora nos últimos anos, de acordo com os dados da pesquisa "Síntese dos Indicadores Sociais (SIS)", que você pode conferir aqui.
O número de jovens em situação de pobreza no Brasil, em 2023, era de cerca de 30% brasileiras e brasileiros entre 15 e 29 anos (14,7 milhões). A incidência é maior entre os jovens:
- Da área rural: 56,5%
- No Nordeste: 51,7%
- Fora da escola, sem a educação básica: 47,2%
- Pardos: 38%
Sobre o QEdu Juventudes e Trabalho
O QEdu Juventudes e Trabalho é fruto de iniciativa da Fundação Roberto Marinho e do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a Fundação Lemann, a Fundação Itaú e o Itaú Educação e Trabalho, e integra o grupo de plataformas do QEdu (QEdu, QEdu Países, QEdu Analítico, QEdu Gestão), administradas pelo IEDE (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional).
A plataforma apresenta dados e informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua – IBGE) que retratam uma situação desigual e desafiadora para as juventudes brasileiras no que diz respeito a escolaridade, trabalho e renda, principalmente para aqueles que estão fora da escola e não concluíram a educação básica.
Saiba mais sobre o QEdu Juventudes e Trabalho
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Sobre o Futura
O Futura é uma experiência pioneira de comunicação para transformação social que, desde 1997, opera a partir de um modelo de produção audiovisual educativa, participativa e inclusiva. É uma realização da Fundação Roberto Marinho e resultado da aliança estratégica entre organizações da iniciativa privada unidas pelo compromisso de investir socialmente, líderes em seus segmentos: SESI - DN / SENAI - DN, FIESP / SESI - SP / SENAI - SP, Fundação Bradesco, Itaú Social e Globo.
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