Notícia: Veja como foi o 1º Festival LED - Luz na Educação

Saiba como foi o 1º Festival LED

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Luz na Educação

O desejo por uma educação transformadora começa pelo sonho - mas não se esgota ali. Requer técnica, ética, coletividade, planejamento, contexto e, sim, paixão pra se tornar realidade.

Assim surgiu o Movimento LED, iniciativa Globo e Fundação Roberto Marinho, com o objetivo de iluminar práticas inovadoras na educação, que estão mudando a realidade de milhares de pessoas no Brasil. E como parte dos três pilares fundamentais do Movimento, aconteceu, nos dias 8 e 9 de julho, o 1º Festival LED - Luz na Educação.

O Festival, de acesso gratuito, foi promovido por Globo, FRM e a plataforma Educação 360, da Editora Globo, e contou com mais de 24 horas de conteúdo dedicado à educação. Debates, plenárias e oficinas foram organizados em diferentes espaços do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu do Amanhã, situados na zona portuária do Rio de Janeiro, que contaram com mais de 100 palestrantes.

Seis pessoas estão em pé, sorrindo. Ao fundo, uma tela azul com o seguinte texto: "O compromisso da Globo com a educação".
Alan Gripp (à esq.), Aline Midlej, João Alegria, Paulo Marinho, Viridiana Bertolini e Cristovam Ferrara, durante a coletiva de abertura do 1º Festival LED.

Coletiva de abertura

Antes de a primeira mesa do dia começar, uma coletiva de imprensa foi promovida para apresentar o Festival LED - Luz na Educação aos veículos de mídia. Pela Globo, participaram Paulo Marinho, diretor-presidente, Alan Gripp, diretor de redação, Cristovam Ferrara, head de Valor Social, e Viridiana Bertolini, gerente de Valor Social. A Fundação Roberto Marinho foi representada por seu secretário-geral, João Alegria, e a mediação ficou por conta da jornalista Aline Midlej.

Paulo Marinho abriu o encontro: "É uma honra estar aqui, tratando do presente e do futuro da educação do país". João Alegria prosseguiu: "O Movimento LED é uma construção em que temos professores, comunidade, parceiros; e a FRM tem a oportunidade de trazer conhecimento do chão da escola para jogar luz sobre os desafios da educação do país".

A jornalista Aline Midlej destacou a questão do agravamento da evasão escolar: "O Movimento LED surge neste momento, aceitando, reunindo, iluminando iniciativas positivas".

Para Alan Gripp, o Festival marca um momento importante do Movimento LED:

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O espírito do LED é dar sentido de organização aos esforços em prol da Educação.


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Festival LED - 1º dia

Assista ao 1º dia do Festival LED - Luz na Educação

A abertura do primeiro dia do Festival LED no Museu do Amanhã se deu com um debate essencial para a sociedade, no palco LED Inspira. "A ponte para o futuro vem do passado: uma educação crítica e antirracista" contou com a professora-doutora Ângela Figueiredo, a professora e escritora, Conceição Evaristo, o rapper Emicida e a mediação da jornalista Aline Midlej.

E foi Aline quem provocou as primeiras reflexões do início da manhã: "Esta mesa tem a perspectiva de tratar do impacto da presença e da trajetória da educação racial dentro da sala de aula - e para além dela".

Conceição Evaristo utilizou de suas próprias experiências de vida para ilustrar o que deve significar a educação: "Todos os nove filhos da minha mãe conseguiram concluir a educação básica. Era o que ouvíamos desde pequenos: 'É pra ter uma vida melhor'".

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Educação escolar significa uma esperança.


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Emicida destacou o aspecto socializador que a educação carrega em si: "Ter informação sobre os outros e sobre nós é o que nos permite avançar. Quando eu era mais novo, minha biblioteca era minha coleção de discos e aqueles encartes todos. Eu lia tudo sobre as canções, e a produção daqueles lp's".

"Educação não deve ser restrita à escola", refletiu Ângela Figueiredo. "Educação é um projeto muito amplo; é sobre a possibilidade de sonhar. E a escola precisa ainda ser mais inclusiva, trazer mais música, educação sexual; precisa criar mecanismos para as pessoas quererem ficar mais tempo lá dentro".

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Foram minhas professoras negras que me inspiraram.


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Três pessoas estão sentadas em poltronas, no palco de um auditório. Ao fundo, a imagem de Conceição Evaristo, mulher negra, com cabelo crespo e grisalho, é projetada em tamanho maior.
Ângela Figueiredo (esq.), Aline Midlej, Emicida e Conceição Evaristo (no telão) debatem sobre a importância de uma educação antirracista no Palco LED Inspira.

A mesa "Uma conversa sincera sobre educação e negócios" contou com Duda Falcão (Eleva Educação), Eduardo Lyra (Gerando Falcões), Daniela Alves (Santander) e mediação da jornalista Fernanda Gentil.

A conversa sobre educação empreendedora e iniciativas de resultado positivo para a sociedade deu o tom ao papo no Palco LED Inspira. Para Eduardo, empreender é gerar missão:

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Queremos transformar a pobreza da favela em peça de museu.


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Fernanda Gentil perguntou ao trio sobre o que vêm fazendo para estimular uma educação empreendedora. Duda Falcão apresentou um pouco do trabalho da instituição que fundou e dirige: "Estamos sempre pensando no que o jovem precisa. E a escola tem que olhar pra fora também. Tudo isso deve passar por cidadania, excelência acadêmica e o aspecto socioemocional".

Para Daniela Alves, o objetivo da instituição em que trabalha é bem claro no que diz respeito à educação empreendedora: "Tentamos dar as ferramentas para as pessoas poderem estudar e gerir um negócio".

Eduardo Lyra valorizou o aspecto empreendedor que o brasileiro tem, citando alguns exemplos de sucesso oriundos de realidades com pouca estrutura, ausência do Estado e muita gente marginalizada - a ampla maioria daquelas pessoas sendo mulheres negras e pobres:

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Quando o brasileiro se vê como a mudança, as coisas se tornam possíveis.


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No Museu de Arte do Rio (MAR) aconteceram outros encontros que fizeram parte da programação do Festival LED - Luz na Educação. Por lá, no Palco LED Inova, rolou a animada conversa "O professor tá on!". Professores que são um sucesso nas redes sociais - Simone Porfíria e o Noslen - bateram um papo com a apresentadora Laura Vicente, além de responderem a perguntas de estudantes e da plateia.

Os assuntos não poderiam ser mais atuais: como é o dia a dia de um professor youtuber? Como a professora consegue conciliar as atividades de sala de aula e as gravações de seus quadros para a web?

Simone, que segue dando aula na educação básica, reforçou: "Nunca teremos a substituição da escola real pela virtual". E Noslen concordou com a colega: "A sociedade é construída a partir da escola. O virtual chega para se somar ao real, mas em equilíbrio".

Questionados sobre o impacto dos "vídeos de professores" na rotina escolar dos estudantes, ambos seguiram na mesma direção: "Se meu estudante está nas redes sociais, é lá que eu preciso estar também", disse Noslen. Para Simone, a descoberta do potencial dos vídeos curtos (como os do TikTok) veio mais tarde: "Quando descobri que os vídeos de 15 segundos eram muito bem recebidos pelos estudantes, foi uma alegria tremenda".

Sobre o período de escolas fechadas, por conta da pandemia da Covid-19, Simone foi objetiva:

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Tempos de escolas fechadas significaram ausência de acesso à educação para a massa. Aquele período me gerou enorme frustração.


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Três pessoas estão sentadas em poltronas em um palco roxo, com um telão ao fundo.
Simone Porfíria, Noslen e Laura Vicente, durante o animado papo da roda de conversa "O professor tá on!". (Foto: Hugo Rosas)

De volta ao Palco LED Inspira, no Museu do Amanhã, a mesa "Da sala de aula à escola da vida (reaprendendo a aprender)" foi composta por Eduardo Valladares (professor), KondzZilla (produtor e empresário) e Maria Helena Guimarães (socióloga e professora), mediados por Fabio Porchat.

Educação integral: como pensar o processo educacional a partir dessa referência?

Diante da questão, Maria Helena foi a primeira a responder, já tratando de esclarecer conceito e terminologias: "Estamos falando de uma educação integral, não se trata da mesma coisa que 'educação de tempo integral'. Os conceitos estão bem claros na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas nossas escolas são muito desiguais".

KondzZilla relatou a própria experiência de vida para ilustrar sua opinião: "Quando minha mãe morreu, usei o dinheiro do seguro de vida que ela havia deixado para mim e para o meu irmão nos matriculando em cursos de formação". O professor Eduardo não perdeu tempo e completou: "'Aprendizagem' está ligada a 'experiência'. É importante estarmos atentos a este momento: estamos desmistificando 'aprender' e 'estudar'".

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O Movimento LED estimula que governos e sociedade se envolvam mais diretamente em dar escala a experiências educacionais positivas realizadas nos municípios.


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Plateia em um auditório. Ambiente é escuro, com pouca luz, e as pessoas estão sentadas.
A participação do público foi constante, lotando os ambientes dos debates e levantando questões importantes.

Na reta final do primeiro dia do Festival LED - Luz na Educação, um retorno ao MAR, no Espaço LED cria por CO.LIGA, para a oficina "Adolescências e saúde mental", com Cinthia Sarinho e Luana Dias.

Em uma sala com lotação esgotada, repleta de jovens, mães, pais, educadoras e psicólogas, temáticas relacionadas às juventudes permearam diversos relatos compartilhados por elas e eles.

Luana contou que os participantes da oficina chegaram com pedidos de ajuda: "A saúde mental de adolescentes é um tema que está afligindo não somente os profissionais da rede de proteção, mas também os responsáveis e os próprios jovens. Decidimos apresentar uma metodologia que pudesse proporcionar um momento de escuta e de reflexões para, assim, estimular uma postura mais acolhedora, compreensiva, afetuosa, atenta e ativa dessas pessoas para com os adolescentes.".

Para Cinthia, o momento é de focar na saúde socioemocional: "Precisamos trazer os assuntos da adolescência e da saúde mental, temas urgentes, sobretudo neste contexto de aparente reta final de pandemia. A gente sabe que as questões ligadas à saúde mental têm impactado cada vez mais a vida da juventude no nosso país". E finalizou:

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A escola é um importante ator na rede de proteção. É um lugar de direito, de promoção e garantia de direitos. Mas também é esse lugar de trabalhar a perspectiva da prevenção e do enfrentamento das violências.


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Várias pessoas, em pé e sentadas, diante de um fundo colorido com o nome "co.liga' escrito.
Participantes da oficina "Adolescências e saúde mental" e jornalistas da FRM registram o final do encontro.

Festival LED - 2º dia

Assista ao 2º dia do Festival LED - Luz na Educação

O segundo dia do Festival LED - Luz na Educação começou com Barbara Carine (professora-doutora e escritora), Dr. Drauzio Varella (médico e pesquisador), Paulo Fochi (professor) e a jornalista Andrea Sadi debatendo sobre a importância da formação cidadã, na mesa "Quando tudo começa: formando cidadãos desde a infância".

Barbara conectou o assunto com o tema da mesa que abriu o 1º dia do Festival, sobre educação crítica e antirracista: "O racismo estrutural reverbera dentro dos microespaços sociais”. Drauzio Varella relacionou a reflexão da colega de mesa com o histórico de abandono praticado por homens, especialmente nas famílias de renda mais baixa: “Nós, homens, abandonamos os filhos em todas as classes sociais - nas mais baixas é ainda pior. A vida da mulher não é facilitada".

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Como criar filhos tendo que trabalhar o dia inteiro, saindo cedo de casa, sem ter horário para voltar? Isso é uma maldade com as mães e com os filhos.


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Um outro ponto abordado foi sobre como lidamos com as crianças, como passamos essas informações para elas. Para Paulo Fonchi, "precisamos nos relacionar com as crianças como pessoas, não como objetos de paparicação". Drauzio concorda, e complementou: "Quanto mais cedo as crianças tiverem acesso ao aprendizado e ao convívio com professores motivados, melhor".

Saúde mental voltou ao centro do debate na mesa "É sobre isso e não tá tudo bem", com Elisama Santos (escritora e psicanalista), Gisele Alves (gerente do eduLab21, do Instituto Ayrton Senna), Padre Fábio de Melo e Fernando Fernandes (apresentador do programa No Limite, na TV Globo).

A partir de relatos pessoais, a importância de se estar atento aos sinais de ansiedade e depressão foi explorada pelos palestrantes.

Elisama ressaltou que “a criança tem o direito de viver a frustração por ouvir um 'não'”. Padre Fábio corroborou: “A experiência humana é o resultado de troca, sempre!”.

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Quando a gente aprende que a vida é muito mais 'não' do que 'sim', entende que precisamos lidar com isso mesmo.


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A mesa "Por uma educação mais sustentável, inclusiva e justa" contou com Cida Bento (professora, psicóloga e ativista), Eduardo Bueno (jornalista, escritor e youtuber), Gersem Baniwa (antropólogo) e a mediação de Valéria Almeida (apresentadora).

Gersem explorou a presença de grupos historicamente colocados à margem do acesso a uma educaçao de qualidade em seu relato sobre o ambiente acadêmico: “Toda semana eu participo de duas, três bancas de monografia, dissertação e tese de indígenas. Trabalhos lindos, pouco conhecidos, mas que estão virando de cabeça pra baixo tudo que a gente acreditava por 'únicos caminhos metodológicos'".

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O Brasil tem jeito - tem jeito com essa sua diversidade e pluralidade. Cada um tem que dar a sua contribuição, e nós, povos indígenas, estamos sempre contribuindo.


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Cida Bento concordou, acrescentando a presença negra à análise: "Nunca tivemos tanta mobilização, tantas vozes de pressão nesse sentido. Uma universidade ter de mudar seu escopo teórico... Triplicou a presença negra nas universidades. Não queremos mais um currículo eurocêntrico, queremos mudar isso. Atravessamos um momento em que corremos mais perigo. E podemos avaliar o quanto avançamos também. Queremos mudar o status quo".

Astrid Fontenelle, que mediou a mesa "Sobre reinventar o aprendizado remixando cultura e arte", sobre o Movimento LED.

De acordo com Paulo Freire, "ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo".

E foi nesse sentido que todas e todos vivenciaram os espaços e trocas de ideias proporcionados pelo Festival LED - Luz na Educação, no Museu do Amanhã e no MAR, em seus diversos palcos, sons, reflexões e luzes. Luzes que iluminam a esperança por uma educação mais inclusiva, plural, antirracista e, exatamente por isso, mais rica, interessante e positiva para a sociedade.

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