Notícia: Competitividade e produtividade da indústria brasileira dependem de salto na educação

Competitividade e produtividade da indústria brasileira dependem de salto na educação

CNI apresenta 21 propostas para eleições 2022 com foco em cinco eixos para o Brasil superar os desafios históricos. Valorização do magistério e ampliação da EJA e da educação profissional são fundamentais

A competitividade da indústria brasileira e dos outros setores da economia passa, fundamentalmente, pela educação. A lógica da produção vem mudando rapidamente nos últimos anos, exigindo novas competências e habilidades. As empresas vão demandar formação contínua dos seus trabalhadores, para suprir as lacunas que estão surgindo com o progresso tecnológico.

A retomada do crescimento e o aumento da produtividade exigem um sistema educacional que ofereça oportunidades a todos e esteja sintonizado com os avanços da sociedade, da ciência e da tecnologia. Sem isso, não serão ofertados aos estudantes as competências e as habilidades exigidas pela economia contemporânea que está delineando o trabalho do futuro.

O caminho é longo. Em 2019, apenas 69% dos alunos que iniciaram o ensino fundamental concluíram o ensino médio aos 19 anos de idade. Isso significa que um terço dos alunos ficou pelo caminho sem completar sua escolarização.

Para além da questão da permanência na escola, o Brasil tem tido pouca efetividade nos resultados de aprendizagem. Entre 1999 e 2019, a parcela de estudantes do terceiro ano do ensino médio com aprendizado adequado em matemática caiu de 11,9% para 10,3%. Tal fato indica que o país vem mantendo um patamar muito baixo de aprendizagem nos últimos 20 anos.

Além disso, o Brasil contabiliza cerca de 66 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola e não têm ensino médio completo. No entanto, em vez de apostar na Educação de Jovens e Adultos (EJA) para recuperar esse contingente, o número de estudantes na modalidade tem caído vertiginosamente: de 2006 a 2021, houve queda de 47% nas matrículas

Esses indicadores mostram que o Brasil tem desafios históricos a enfrentar no campo da educação e se encontra, ainda, distante de promover padrões desejáveis de aprendizagem à população. Para a indústria, a melhoria da educação no Brasil deve ser prioridade para o próximo governo e um conjunto de propostas nesse sentido está contemplado no documento Educação: A Juventude e os desafios do Mundo do Trabalho, que faz parte das Propostas da Indústria para as Eleições 2022 entregues pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aos pré-candidatos à Presidência da República.

“Os países mais desenvolvidos têm buscado aperfeiçoar suas políticas educacionais, com atualização de seus currículos, renovação de metodologias de ensino e forte investimento na formação e na atualização de professores. No Brasil, esse avanço exige tempo, investimento, inovação e, acima de tudo, colaboração da sociedade e de todas as esferas de governo. Sem isso, não vamos conseguir preparar o jovem brasileiro
para o trabalho do futuro”, analisa o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi.

Propostas estão organizadas em cinco eixos

Para apoiar o Brasil na superação dos desafios históricos da educação, a CNI estruturou as propostas da indústria em cinco eixos: consolidação do novo ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), incorporação de novas tecnologias, com promoção da inovação; investimento na formação dos professores e valorização da carreira docente; ampliação da educação profissional e aprimoramento da Lei da Aprendizagem; e utilização de metodologias inovadoras na EJA.

Os números a seguir dão a dimensão dos problemas que o Brasil precisa enfrentar para garantir a qualidade da educação, sobretudo, na rede pública de ensino, que concentra cerca de 80% das matrículas na educação básica, segundo o Censo Escolar 2021 (INEP/MEC):

A pandemia agravou os desafios de aprendizagem. Sem aulas presenciais por praticamente dois anos, houve aumento considerável do percentual de crianças entre seis e sete anos que não sabiam ler e escrever. Em 2019, essa parcela era de 25,1%; subiu para 32,9%, em 2020; e chegou a 40,8%, em 2021. Isso representa cerca de 2,4 milhões de crianças de 6 e 7 anos não alfabetizadas, segundo nota técnica divulgada pela ONG Todos pela Educação.

Para além dos déficits de aprendizagem, os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) revelam disparidades nos resultados das diferentes regiões do país. Enquanto, no Distrito Federal, 18,3% dos estudantes do 3º ano do ensino médio apresentam aprendizado adequado em Matemática, no Amapá esse percentual é de apenas 2,6%.

As altas taxas de abandono e de reprovação no ensino médio representam um sinal de alerta, pois impactam sobremaneira na taxa de conclusão da Educação Básica. Consequentemente, o Brasil fica entre os países com os menores percentuais de adultos com o ensino médio completo: apenas 57%, contra 92% no Canadá e 67% no Chile.

Há um problema de elevada evasão escolar associado à falta de preparo para o mercado de trabalho. Essa conjunção pode contribuir para ampliar a parcela de jovens entre 15 e 29 anos que nem estudam e nem trabalham, que soma 11,6 milhões ou 23,7% da população nesta faixa etária (Pnad/IBGE). Para a CNI, o custo dessa marginalização é elevado, uma vez que significa estagnação da escolaridade dos jovens e maior dificuldade de inserção e permanência desse contingente no mercado de trabalho.

A pandemia também escancarou a falta de acesso dos estudantes à tecnologia e à internet. Em 2019, a pesquisa TIC Educação (CETIC) mostrou que 39% dos alunos de escolas públicas urbanas não contavam com nenhum tipo de computador em casa – na rede privada, são 9%. Já em 2020, a TIC Domicílios (CETIC) apontou que, apesar de 83% dos domicílios terem acesso à rede, essa parcela cai para 64% nas classes D e
E. As escolas precisam oferecer oportunidades para que estudantes se apropriem de novas tecnologias, que são importantes ferramentas para favorecer oportunidades de aprendizagem e indispensáveis para o trabalhador do futuro.

Permanece o desafio da formação e da valorização dos professores. Qualquer política pública educacional só terá chance de sucesso se o Brasil investir fortemente nos docentes. Esse foi o caminho seguido pelos países que mais avançaram e alcançaram o topo do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). É preciso valorizar os profissionais do magistério e assegurar os planos de carreira nos municípios, além de implantar programas voltados à capacitação dos docentes.

A importância estratégica da educação profissional. Modalidade com foco na preparação para o mercado de trabalho, a educação profissional e tecnológica é elemento central para o enfrentamento dos desafios associados à produtividade e à competitividade das empresas. É preciso ampliar o acesso e o reconhecimento da modalidade, como já ocorre em outros países. Na União Europeia, por exemplo, 43% dos estudantes do ensino secundário fazem educação profissional. No Brasil, esse percentual era de 9%, segundo o documento Education at a Glance 2021 (OCDE). Com o novo ensino médio, abriu-se a possibilidade de ampliação da formação profissional, permitindo que jovens adquiram, mais cedo, qualificações profissionais valorizadas no mercado, mas é necessário garantir o alcance e a qualidade.

66 milhões de brasileiros não frequentam a escola e não têm o ensino médio completo e o país não tem conseguido resgatar esses jovens e adultos para sala de aula. No ano passado, eram apenas 2,9 milhões de alunos na EJA. Outro ponto relevante é que só 2,2% (64 mil) das matrículas da EJA são na modalidade integrada à educação profissional, percentual distante da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), de 25%. Os dados são da PNAD Contínua 3º trimestre 2021 e do Censo Escolar.

A indústria elencou 24 propostas para a educação. Conheça as principais:

Consolidação do Novo Ensino Médio e da BNCC

⦁ Articular um regime de colaboração entre os entes federativos para que os estados, o Distrito Federal e os municípios tenham condições técnicas e financeiras para planejar, acompanhar e executar, de maneira exitosa a implementação do Novo Ensino Médio.

⦁ Apoiar e criar condições efetivas para que todas as escolas possam ofertar os diferentes itinerários formativos, especialmente o de Formação Técnica e Profissional, garantindo que todos os estudantes tenham a possibilidade de fazer escolhas alinhadas a seus projetos de vida.

Tecnologia e inovação

⦁ Implantar a cultura digital na rede pública de ensino, garantindo a infraestrutura tecnológica necessária para que todas as escolas tenham equipamentos, conexão com a internet, serviços de armazenagem na nuvem e uma formação continuada da comunidade escolar, para saber lidar com as mudanças da era digital.

⦁ Elaborar políticas e diretrizes pedagógicas para o uso de tecnologias educacionais, que fomentem a interdisciplinaridade, a resolução de problemas e o desenvolvimento de habilidades para a tomada de decisões, fortalecendo a cultura maker e colaborando, dessa forma, para o alcance das competências preconizadas na BNCC.

Formação dos professores, salário e carreira docente

⦁ Garantir que a Base Nacional Comum para a Formação Inicial e a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da educação básica sejam implementadas em todos os cursos de Pedagogia e licenciaturas no país e em todos os processos de formação continuada.

⦁ Valorizar os profissionais do magistério e assegurar a existência de planos de carreira em todos os municípios brasileiros, como preconiza o PNE.

⦁ Desenvolver e apoiar a oferta de cursos de licenciatura organizados por área de conhecimento, com foco no desenvolvimento de competências e habilidades docentes.

Educação Profissional e Lei da Aprendizagem

⦁ Identificar e implantar mecanismos de previsão permanente das necessidades (qualitativas e quantitativas) do mercado de trabalho em termos de competências e perfis profissionais, com vistas a adequar a oferta da educação profissional e tecnológica às demandas de médio e longo prazo dos setores produtivos.

⦁ Implantar um sistema nacional de avaliação da educação profissional, para definir indicadores capazes de avaliar a qualidade e a efetividade dos cursos ofertados, envolvendo a coleta e análise de informações sobre o desempenho dos alunos, dos docentes e gestores, das instituições de ensino e dos programas de educação profissional e tecnológica.

⦁ Estimular a Aprendizagem Profissional enquanto itinerário de formação técnica e profissional no ensino médio, buscando fortalecer o diálogo com os setores produtivos, por meio da atuação das respectivas instituições de educação profissional e tecnológica.

Educação de jovens e Adultos (EJA)

⦁ Ampliar as matrículas na educação de jovens e adultos, especialmente na modalidade profissionalizante.

⦁ Fomentar e expandir processos de certificação de competências de jovens e adultos, utilizando metodologia de reconhecimento de saberes para valorizar conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo da vida.

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