Notícia: Enem 2020 atravessado por uma pandemia

Enem 2020 atravessado por uma pandemia

Quais os impactos da pandemia na preparação dos estudantes para o Enem 2020?

Depois um ano escolar completamente atípico e repleto de desafios impostos pela pandemia do Covid-19, estudantes de todo Brasil fizeram as provas do Enem 2020 nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. No entanto, nem todo mundo conseguiu fazer o exame. Essa edição do Enem teve recorde de abstenção, com 51,5% de faltas.

Uma fila de estudantes de máscaras de prevenção à covid-19 está formada em frente à entrada de uma escola. A primeira menina da fila está tendo a temperatura verificada por uma adulta
Quais os impactos da pandemia no Enem 2020? (Foto: AFP)

De acordo com Renan Carlos, diretor da Unidade Escolar da Fundação Roberto Marinho, as faltas estão diretamente ligadas à situação enfrentada pelos estudantes mais vulneráveis durante a pandemia. “Os estudantes estão com outras prioridades em suas vidas, como a própria subsistência, uma vez que muitos perderam o emprego ou precisaram assumir a responsabilidade da casa. Além disso, muitos deles estão passando por questões de violência. Isso tirou o foco da grande maioria para prestar o Enem.”, afirma o diretor.

Famílias com crianças e adolescentes foram as mais afetadas financeiramente pela pandemia

As incertezas em relação ao Enem e a dificuldade em continuar estudando por conta própria durante a pandemia foram pontos destacados na pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, divulgada em junho de 2020 e realizada pela Fundação Roberto Marinho em parceria com o CONJUVE. A pesquisa mostrou que 52% dos jovens entrevistados não pretendiam fazer o Enem 2020. Um número bem próximo da quantidade de abstenções que tivemos no 1º dia do exame: 51.5%.

Desigualdade educacional

Nesses 10 meses sem aulas presenciais, vale ressaltar que as condições de aprendizagem dos alunos foram bastante diferenciadas. O computador, que se tornou a principal ferramenta de ensino remoto, não esteve presente em grande parte dos lares brasileiros.

De acordo com dados mais recentes da Pnad Contínua/IBGE, em 2019 somente 46% dos jovens de 15 a 29 anos tinham computador em casa. Além disso, houve queda no acesso ao computador entre os jovens e aumento da desigualdade por renda. É o que mostra o gráfico abaixo, extraído da plataforma JET (Juventude, Educação e Trabalho), da Fundação Roberto Marinho.
 

Gráfico da Plataforma Jet
Reprodução: Plataforma JET/FRM.

O acesso à internet também é bastante desigual, de acordo com a faixa de renda da família dos jovens. Em 2019, mais de 99% das casas com renda familiar superior a 3 salários mínimos tinham internet. Já entre as famílias mais pobres – que ganham até ½ salário mínimo – esse número cai para 75,7%.

Gráfico da plataforma Jet com várias colunas coloridas mostrando o crescimento dos números
Reprodução: Plataforma JET/FRM.

Atividades escolares durante a pandemia

Além do acesso desigual aos computadores e à internet, o cronograma escolar de muitos estudantes também foi comprometido. Cerca 1 em cada 4 estudantes do Ensino Médio não teve atividades escolares nas regiões Norte e Nordeste em novembro de 2020. Os dados são da Pnad Covid do IBGE.

Gráfico da Plataforma Jet
Em julho de 2020, a quantidade de estudantes do Ensino Médio da região Norte que não teve atividade escolar superou o número dos que tiveram. (Reprodução: Plataforma JET/FRM)

Vale lembrar que as provas do Enem 2020 foram suspensas em 58 cidades da região Norte (56 do Amazonas e duas de Rondônia).

Gráfico da Plataforma Jet
Em novembro de 2020, mais de 25% dos estudantes do Ensino Médio da região Norte não tiveram atividades escolares. (Reprodução: Plataforma JET/FRM)

Dificuldades em manter a rotina de estudos

O estudante João Guilherme, 19 anos, morador de Cuiabá (MT) fez o Enem pela terceira vez. Ele concluiu o ensino médio em 2019 no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso. Assim, em 2020 pode se dedicar somente ao pré-vestibular.

Apesar de estar matriculado há 3 anos num cursinho pré-vestibular online e já estar acostumado com a rotina de aulas remotas, ele disse que não foi fácil manter uma rotina de estudos durante a pandemia: “Nem todo mundo aqui em casa entendeu que eu estava estudando, então muitas vezes o pessoal daqui de casa entrava no quarto para vir conversar no meio da aula, por exemplo.”, desabafa o estudante.

Encontrar o ambiente adequado para estudar também foi a queixa de alguns estudantes da Unidade Escolar da Fundação Roberto Marinho. O diretor Renan afirma que isso também dificultou a preparação para o exame:  “Muito dos nossos estudantes não tem uma estrutura adequada na residência, principalmente nesse período onde todos da família estavam em casa. “, afirma Renan.

O aspecto emocional

Apesar de se dedicar integralmente à preparação do Enem, João Guilherme afirmou que não foi fácil lidar com os aspectos emocionais em um ano tão turbulento como 2020:

Aspas

Eu não sabia se o Enem ia acontecer ou não. Eu não tinha perspectiva nenhuma se ia pegar Covid-19, se ia morrer e o que ia acontecer em relação aos estudos

João Guilherme

Aspas

Esse momento de preparação para o Enem já é muito estressante para muitos estudantes e eles encontram no professor uma figura acolhedora: “Como o professor convive com o aluno, ele consegue perceber a ansiedade e ajudá-lo a superar isso. Eu, como aluno, senti muita falta disso no meio da pandemia. Senti falta de um abraço dos meus amigos, de uma palavra acolhedora dos professores.”, desabafa João.

Renan concorda que o acolhimento presencial dos professores impactou no estudo dos alunos: “ Nós trabalhamos com uma metodologia em que o professor acolhe os estudantes e acompanha o seu desempenho. Não ter essa figura tão importante fez falta aos estudantes.”, relata.

Enem 2021

Para quem não foi bem no Enem 2020 ou não conseguiu fazer a prova, João Guilherme deixa uma mensagem: “Não desista! O conhecimento é a única ferramenta que é capaz de mudar toda a sua vida!”

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