Notícia: “O mais importante é despertar o interesse do aluno e promover uma aprendizagem baseada na curiosidade.”

“O mais importante é despertar o interesse do aluno e promover uma aprendizagem baseada na curiosidade.”

Aprendizagem criativa híbrida e o combate à evasão escolar

A pandemia tornou ainda maior o abismo educacional já existente no Brasil. Durante o período de isolamento social, a solução encontrada por muitas escolas para não interromper os estudos foi dar aulas remotas. Mas qual parcela da população, de fato, teve condições adequadas para continuar a estudar?

Exclusão digital

No Brasil, cerca de 4,8 milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos não têm acesso à internet dentro de casa – uma tecnologia essencial para acompanhar as aulas on-line durante a pandemia. Essa população corresponde a 18% de todos os brasileiros nessa faixa etária. Os dados são da pesquisa TIC Kids Online 2019, feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

Alguns deles ainda conseguem acessar a internet fora de casa, mas 11% da população nesta faixa etária não é conectada de forma alguma. Nas áreas rurais a exclusão é ainda maior: cerca de 25% dos jovens e adolescentes não acessam a rede. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual é de 21% e, entre os domicílios das classes D e E, 20%.

Celular é o único dispositivo com internet

Entre aqueles que têm acesso à internet, há ainda um outro fator fundamental para a aprendizagem: o uso de equipamentos. 58% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos acessam a Internet exclusivamente pelo celular, o que torna a aprendizagem remota ainda mais desafiadora. O acesso exclusivo por computadores é de 2%, e o acesso combinado, por meio de computador e celular, é de 37%.

Diante deste cenário, é preciso buscar recursos alternativos para superar as lacunas de aprendizagem que foram agravadas pela pandemia. Para entender mais sobre os impactos da (falta de) conectividade na aprendizagem e a importância da inclusão digital de crianças e jovens, conversamos com Eduardo Azevedo, CEO e fundador da Explorum Educacional, uma startup que atua na formação de professores e utiliza um método pedagógico baseado na aprendizagem criativa híbrida.

Um jovem rapaz está sentado segurando o celular com a mão esquerda e olhando para ele franzindo a testa

Futura: A aprendizagem criativa pode ser uma aliada para reparar a defasagem educacional pós-pandemia?

Eduardo Azevedo: Eu acredito que sim. Uma das vantagens da aprendizagem criativa é justamente o aluno ter uma conexão maior com os temas da sala de aula. O aluno se depara com um problema real, traz isso para a sala de aula e trabalha na solução. Isso, por si só, já promove uma relação de pertencimento e protagonismo dos alunos.

Na Explorum, nós trabalhamos com aprendizagem por projeto e atuamos na formação de professores. Os projetos costumam durar cerca de 3 a 4 meses. E vemos que os alunos se mostram verdadeiramente interessados do início ao fim.

A nossa evasão costuma ser bem baixa, não chega a 2 a 3 %. A questão da conectividade passa muito pelo interesse do aluno. E conectividade aqui vai além da questão do acesso à internet. A internet é o meio, é só o condutor. Se a aula for a mesma, ainda que seja no ambiente digital, o nível de adesão e interesse vai ser baixo. Se o aluno não se enxergar em um processo que ele tem interesse, ele vai evadir.

Aspas

A internet é o meio, é o condutor. Se a aula for a mesma, ainda que seja no ambiente digital, o nível de adesão e interesse [dos alunos] vai ser baixo..


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Futura: O que é preciso fazer para oferecer um ensino híbrido que chegue nas áreas mais remotas do país, como as zonas rurais?

Eduardo Azevedo: Em uma das formações de professores que fizemos em Mandacaru, enfrentamos esse problema de conectividade no bairro de Juazeiro (BA), que é bem afastado do centro.

Na Explorum, usamos programação de mesa sem precisar de computador ou internet, temos uma programação criativa de mesa desplugada. Exploramos só a criatividade e podemos ensinar cultura maker e programação usando só elementos de fácil acesso como cartolina, cola, papel. E também reaproveitamos materiais descartáveis, que iriam para o lixo, e os utilizamos como ferramentas de aprendizagem para o ensino da robótica.

A internet é só um meio, o mais importante é despertar o interesse do aluno e promover uma aprendizagem baseada na curiosidade. Quando o aluno se vê como dono do projeto, ele traz um problema real e vai buscar a solução coletivamente. Ao enxergar como protagonista o seu interesse na aprendizagem aumenta.
 

Aspas

O mais importante é despertar o interesse do aluno e promover uma aprendizagem baseada na curiosidade.


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Fizemos uma parceria com a Secretaria de Educação de Juazeiro (BA) e, no final de 2021, formamos cerca de 500 professores, impactando cerca de 4 mil alunos. A formação é para professores que dão aulas para alunos de 6 a 14 anos.

Futura: Como é esse método de aprendizagem criativa híbrida?

Eduardo Azevedo:  A aprendizagem criativa híbrida combina elementos da cultura Maker (“Faça você mesmo”) e da abordagem Tinkering (gambiarra) com livros impressos e recursos digitais para apoiar alunos no desenvolvimento de projetos voltados aos Temas Contemporâneos estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e mediados por seus professores. Acreditamos na transversalidade de métodos: robótica, cultura maker, entre outros.

Nosso objetivo é gerar inclusão digital para os professores, com foco na formação continuada e combater a evasão escolar, que passa pela falta de conexão entre o que o aluno vê fora da sala de aula e dentro da sala de aula. A Explorum trabalha com essa missão de trazer o professor para esse universo maker e de conectividade para não deixar #nem1pratras.

Já atendemos cerca de 70 mil alunos do ensino público. Implementamos e fazemos transferência de tecnologia para o município com apoio das secretarias de ensino.

Precisamos nos mobilizar pela educação

Todos os anos, durante o mês de abril, a Fundação Roberto Marinho e uma aliança estratégica de parceiros unem esforços a partir da mobilização institucional para causas relevantes na agenda educacional brasileira.

Em 2022, o foco da mobilização está no acompanhamento das medidas para mitigação dos efeitos da pandemia.

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