Artigo: A vida vai melhorar

Futebol e esperança

Escrevo logo após o jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo de futebol. Ver os dois gols do Richarlison é lembrar da verdadeira cara do Brasil.

Do samba-enredo da Vila Isabel, passando pelas eleições, chegando ao dia 24 de novembro, o que podemos dizer é que este ano foi marcado pela esperança, que hoje poderia ser personificada pelo atacante do Brasil.

Richarlison tem uma história comum a muitos brasileiros, repleta de todos os “clichês”que a desigualdade do nosso país é capaz de produzir. O camisa 9 da seleção é fruto do Brasil “feio”, que todos os dias tentam matar - mas que todos os dias combina de renascer. É o país da brecha, e que se alimenta de tudo aquilo que é do coletivo e que pulsa vida: samba, funk, suingue, cerveja gelada, picanha, vacina no braço, bola no gol e sonho. Este país é verdadeiramente feito por homens de bem, que ainda guardam no peito a pureza e a doçura de fazer um gol e esquecer o nome da bisavó pelo simples fato de estarem sentindo muita emoção.

O Brasil que eu acredito, sente. E sente muito! Se emociona com o luto coletivo, reescreve histórias, se indigna com a fome, recria o belo, renova o amanhã.

O Brasil que vi, a partir de Richarlison, é o país onde o pobre tem direito ao sonho, é o país que me permitiu imaginar ser o que sou, é o país que tem o Vini Jr jogando e o irmão chorando na torcida, porque talvez nem nos maiores sonhos ele tenha imagino que um dia pudesse chegar lá.

Talvez a gente não ganhe a Copa e o Richarlison não faça mais gol, mas eu escrevo este último texto de 2022 com um sorriso no rosto de quem tem a certeza de que o Brasil do amanhã já começou a sorrir hoje.

Que os sorrisos da Copa sejam o reflexo do novo país que espero encontrar em 2023. Esperança para imaginar e coragem para seguir é o que desejo para todos nós. Até daqui a pouco, a gente se vê em 2023.