Artigo: Aonde a sociedade brasileira quer chegar?!

Aonde a sociedade brasileira quer chegar?!

Confusão, “pânico moral” e agenda política “fake”
 

Política e cidadania. Um homem encontrou um amigo que não via há algum tempo e exclamou: “Nossa, você parece ótimo! O que anda tomando?”. O amigo respondeu: “Estou tomando decisões!”.

Vejo a Política (com P maiúsculo) como o ambiente em que decisões coletivas são tomadas. Sociedades podem ser como esse amigo que vive bem porque é sujeito consciente das decisões que impactam sua vida. Ou podem ir se deixando levar, se colocando num lugar passivo e até alheio às decisões políticas que sempre estarão sendo tomadas por alguém(ns).

O momento das eleições é importante porque pode ajudar a sociedade a concentrar sua atenção no que se chama de “agenda política”, ou seja, quais decisões coletivas estão na mesa? Que escolhas a sociedade estará fazendo com o resultado eleitoral?

Quem não quer que a sociedade tome decisões de forma ativa e consciente, porque quer mandar sozinho (ou com seus amiguinhos), cria uma agenda política “fake”, associando o voto a decisões individuais (quem sou eu, quem eu quero ser), deixando as decisões coletivas escondidas (em que sociedade vivemos, em que sociedade queremos viver).

O “pânico moral” é um exemplo, ao apresentar o voto como antídoto ou arma contra ameaças a questões de foro íntimo como as de gênero, sexualidade e religião. Ao invés de pensar “se eu votar no candidato X meus filhos podem ser expostos a más influências sobre gênero e sexualidade nas escolas” a eleitora/o eleitor deveria se perguntar e responder através de seu voto, por exemplo: Queremos um Estado laico ou um Estado religioso (em que as regras são estabelecidas pela religião dominante, inclusive nas escolas públicas)?

A “fulanização” da campanha é outra forma de fugir das decisões políticas que precisamos enfrentar, porque a pessoa da/o candidata/o em si não nos ajuda a definir:

  • Quais são as perguntas que a sociedade brasileira precisa responder na eleição de 2022?
  • Que sociedade queremos (re)construir para vivermos hoje e no futuro?

Deliberação individual e Deliberação coletiva

O voto é um ato político individual, mas querendo ou não, nosso voto não vai impactar somente nossa própria vida e a de nossa família. O voto pensado de forma individualizada acaba definindo uma escolha da sociedade em geral.

Infelizmente, com a sobreposição de crises que enfrentamos atualmente (política, econômica, social, ecológica) são mínimas as chances de termos uma agenda política explícita, organizando o debate público e as campanhas eleitorais desse ano.

Uma forma que tenho usado para aproximar a visão individual da visão coletiva é localizar minhas próprias posições e as de candidaturas, partidos e campanhas eleitorais em um dos quadrantes da figura abaixo, a partir de escolhas mais individualistas ou solidárias, imediatistas ou sustentáveis:

 

A imagem mostra um gráfico de posicionamento

Ao analisar as opções e decidir como votar, vale se perguntar: se essa candidata/esse candidato ou esse partido ou esse grupo político (bancada da bala, bancada evangélica, bancada ruralista, bancada ambientalista, bancada feminista...) ganhar poder nessa eleição, a sociedade brasileira estará dizendo que quer estar em qual desses quadrantes?

Ah, mas antes de qualquer coisa: queremos eleições limpas, justas e respeitadas!

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