Afirmamos com facilidade que, atualmente, temos muito mais acesso ao conhecimento do que em qualquer outro período da nossa história. Podemos encontrar informações sobre quaisquer assuntos e em qualquer lugar, andamos com consultores, experts, acadêmicos e enciclopédias dentro dos nossos bolsos. É claro que todo esse acesso à informação também vem com seus grupos de problemas, mas esse é assunto para outra hora. Hoje, vamos falar especificamente sobre como adquirimos diferentes tipos de conhecimento, e o valor que concedemos a isso.

Eu gostaria de iniciar essa reflexão falando um pouco sobre repertório. O seu repertório é formado pelo seu conjunto de vivências, saberes e conhecimentos diferentes adquiridos por você ao longo da sua vida. Precisamos checar o nosso repertório para tudo: desde um problema no encanamento de casa, uma situação inusitada no trabalho, que também pode ser um problema no encanamento, e basicamente em qualquer situação que se apresenta e necessita de uma solução. Nós somos aquilo que sabemos, e vemos o mundo através de lentes que passam pelo nosso repertório.

É importante lembrarmos também que cada um de nós possui maneiras únicas de aquisição de conhecimento. O psicólogo Howard Gardner foi o criador dessa teoria chamada “teoria das inteligências múltiplas”. De acordo com o psicólogo, todos nós temos diversos tipos de inteligências, sendo que algumas se manifestam de maneira mais contundente. Howard Gardner fala sobre sete tipos diferentes de inteligências, e hoje já se trabalha a possibilidade de nove tipos. Uma dessas formas de aquisição de conhecimento é conhecida como “físico cinestésica”, que trata justamente do aprendizado a partir da movimentação corporal - solução de problemas e entendimento através da prática.

Existem pessoas, e é bem provável que você conheça alguém assim, que apesar de não terem nenhum tipo de ensino formal em uma determinada área, são quase como uma referência em determinado assunto. Aquela pessoa cujo repertório foi formado, em grande parte, pela vivência e pelo aprendizado informal. E é sobre valorizar exatamente esse conhecimento que estamos falando hoje. O famoso “aprender fazendo” muitas vezes é o único recurso que muitas pessoas têm para aperfeiçoar um ofício, e muitas vezes é o único que funciona. O filósofo John Dewey também já abordou esse assunto. A teoria da educação criada por ele, intitulada “Learning By Doing” – ou, em português, “aprender fazendo” - diz justamente que as pessoas devem interagir com o ambiente e experimentar soluções de problemas para um aprendizado mais efetivo.

O saber acontece de diversas maneiras e em diferentes formas. Todo o conhecimento gera repertório, e todo repertório, pode ser utilizado para resolver, de maneira tradicional ou inovadora, um problema que se apresenta para você ou para um grupo de pessoas. E quem sabe essa solução não vira um negócio?! A gente acumula diferentes tipos de conhecimentos ao longo da vida, o importante é nunca esquecer que tudo isso entra para o nosso repertório, e tudo que vira repertório é essencial para a nossa formação.