Artigo: Do que se constrói o tal comportamento empreendedor com uma aprendizagem digital possível?

Do que se constrói o tal comportamento empreendedor com uma aprendizagem digital possível?

A Televisão me deixou burro, muito burro demais… Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais…

A imagem mostra diversas barras verticais coloridas, com algumas letras e números dispostas sobre elas.
Foto: Tim Mossholder no Pexels.

Se você é um jovem dos seus 40 e alguns anos conhece essa música dos Titãs ou já ouviu a expressão quando criança: “Fica só assistindo televisão, vai ficar burro”. Tirando toda a problemática sobre a fala capacitista e preconceituosa sobre aprendizagem, antigamente essa crença era muito comum. Como imaginar há 4 décadas que pequenas telas em nossas mãos seriam portais para um acervo de conhecimento que faria Alexandre o Grande se roer de inveja com sua historicamente aclamada biblioteca de Alexandria.

Eu me lembro de quando mais jovem tinha vários programas de TV preferidos, uma época saudosa de quando a TV aberta tinha ainda boas ofertas de conteúdos de entretenimento e formal. Dois programas em especial era um equilíbrio pra mim, meu Yin e Yang na jornada do conhecimento ali, direto na telinha.  

Um deles era MacGyver Profissão Perigo e antes da gente continuar essa conversa veja essa abertura que o programa tina na época. Agora entendem (quem ainda não sabia) de onde vem a expressão “fulano/a é igual MacGyver”, essa criatura ai fazia bom de chiclete e algum líquido inflamável que achava ou consertava um avião com peças de uma batedeira.

Foto de um homem que está vestido com um casaco de couro marrom. Por baixo do casaco, que está semiaberto, uma camisa azul.
Angus MacGyver Foto: Wikipedia

Não estou exagerando, para mim, um jovem nerd de favela, a criatividade e conhecimentos do MacGyver era algo quase que divino, eu sempre me perguntava: “como alguém pode saber tanta coisa?”, “Como alguém pode ser tão inteligente?”. As vezes, também: “Isso é exagero da TV!” (eles fizeram um remake, mas você encontra nos serviços de streaming a original)

E essa última pergunta me provocava a querer saber mais sobre o exagero ou entender realmente como aquilo acontecia, que tipo de ciência era essa? Onde a gente aprende isso?  

Na minha época na escola não era como hoje com a grande oferta de atividades contraturno escolar ou com uma rede de educadores com tantos recursos a buscar na internet. Ah tinha a Barsa, o Google da época com abas reduzidas no seu navegador e caberia tudo num pendrive hoje. Saudades Barsa… Bora chorar junto, Alexandre.

Mas eu falei que eram dois programas né? Então o segundo era a Ciranda da Ciência já que hoje a internet nos oferta um acervo nostálgico, para que economizar né?

Foto de livros organizados lado a lado.

Esses dois vídeo comerciais eram as chamadas época: 1 e 2 que davam asas a minha imaginação e de muitas outras crianças, num tempo em que a ciência era uma opção menos conflituosa digamos. Tinha até um kit da ciranda da ciência que era distribuído, como existe hoje a realidade aumentada, nesse caso ai era “ciência aumentada” porque você podia reproduzir os experimentos sentado no chão da sua casa.

Eu saí da minha escola para cursar técnico no Senai antes dela ter um laboratório, mas eu não precisei dele para despertar minha curiosidade sobre o mundo, sobre os “porquês” e isso impactou diretamente no meu comportamento empreendedor.

“Você precisa ter comportamento empreendedor” … Todo mundo que já participou ou teve contato com o tema do empreendedorismo em algum momento da sua vida, já teve ouvido está frase.

Mas e aí, o que é e do que se trata tal Comportamento Empreendedor?!

Podemos dizer que o comportamento empreendedor é a soma das atividades de compreender, prever e influenciar a tomada de decisões de um indivíduo frente a desafios sejam eles da vida, carreira e até em um negócio ou projeto. Assim, o comportamento empreendedor está diretamente relacionado a forma que cada pessoa que decide empreender e como as suas experiências e vivências afetam a sua compreensão, previsão e ações frente aos desafios. Chamamos esses jovens e adultos que se aventuram nessa jornada de “empreendedores”.

Acredito que um dos pilares mais importantes do comportamento empreendedor é o da segurança, que é adquirida com acesso a conhecimento e ferramentas de qualidade e de boas fontes. E é por meio deste pilar que uma pessoa empreendedora sabe exatamente o que está fazendo com o seu projeto de vida ou de negócio.  

Toda decisão na vida é um ato de empreender! E o empreender cabe em todo lugar. Você precisa ser o MacGyver as vezes e tá tudo bem.

E claro, nós não estamos falando aqui somente do conhecimento tradicional que a gente aprende em escolas e universidades. O conhecimento pode ser encontrado em suas mais diferentes formas e fontes e é preciso estar sempre atento a boas oportunidades de aprendizado. Pense neste processo de aprendizagem e acúmulo de conhecimento como uma espécie de mochila imaginária que a gente coloca nas costas lá atrás na nossa infância e vai enchendo aos poucos com cada aprendizado ou desafio superado ao longo da vida.  

É a chamada tal bagagem de conhecimento!  Seu canivete suíço do MacGyver para horas difíceis. (E elas vão chegar, te garanto!)

Além dos conhecimentos informais e do conhecimento acadêmico, é possível construir a bagagem de diversas formas, inclusive gratuitas, pensa na expansão da oferta que as tecnologias digitais trazem e o surgimento de novas ferramentas de comunicação e aprendizado como podcats, videoaulas, ensino à distância e livros digitais têm impactado e vai continuar impactando as formas de se ensinar e aprender na nossa sociedade.  

E isso nos leva a pensar sobre como todo esse conteúdo educacional disponível livremente têm incluído com qualidade e acessibilidade todas as pessoas que vão consumir essas informações. Na minha época… Como me senti tio falando isso, mas é a verdade, naquela época a TV era meu portal, aberto para um mundo de novos conhecimentos que ajudavam a complementar a minha bagagem e claro saciar uma fome de conhecimento. Até mesmo este conteúdo informativo que você está consumindo agora pela internet lendo este artigo é um exemplo de conhecimento livre disponibilizado a partir da transformação digital que vivenciamos nos últimos tempos.  

Dessa forma, será que os novos métodos de ensino trazidos pela tecnologia têm sido inclusivos ou ainda são excludentes? Como manter a inovação e a criatividade ao mesmo tempo em que construímos um futuro na educação inclusivo e de qualidade?   

Assim como eu, vocês devem estar pensando que tudo isso é muito legal, muito promissor e inovador. Mas, e na prática? Como esses recursos tecnológicos e pedagógicos vão alcançar todas as pessoas sem exclusão de classe social, raça, gênero e território, por exemplo? E temos ainda de falar da precariedade de acesso a tecnologias consideradas básicas como internet e computadores simples.

O futuro já é amanhã e precisamos pensar e cocriar juntos, formas de deixá-lo mais inclusivo.

Serão precisos mais MacGyver´s no campo do empreendedorismo voltado para soluções na área da educação com ideias inovadoras e que pensem em tornar as ferramentas de aprendizagem inclusivas, acessíveis e didáticas para todas as pessoas.

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