Notícia: “Ensinar sobre Democracia permite ao estudante contribuir para a melhoria de suas próprias condições de vida”

“Ensinar sobre Democracia permite ao estudante contribuir para a melhoria de suas próprias condições de vida”

Nos trilhos da democracia

Geografia como um instrumento da democracia e da participação cidadã. É assim que o professor Diogo Jordão Silva trabalha o componente curricular com sua turma do 2º ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Nelson Pereira Rebel.

A escola fica no distrito de Travessão, em Campos dos Goytacazes (RJ), a 275 quilômetros da capital fluminense, e o projeto pedagógico de Diogo, Nos trilhos da democracia, tornou-se um dos vencedores do Prêmio Educador Nota 10 de 2020.
 

Um homem moreno, de óculos e camisa azul está posando para a foto no meio da rua
O professor Diogo Jordão Silva promove uma Geografia participativa e pela democracia com sua turma. (Foto: Nidiacris Ribeiro/Trupe Filmes)

Futura: Como nasceu a ideia de explorar noções de cidadania por meio do projeto pedagógico Nos trilhos da democracia?

Diogo Jordão Silva: A proposta surgiu a partir da realidade do distrito de Travessão, onde fica a nossa escola. É um lugar carente, que está distante dos centros de poder. Diariamente, a precariedade dos serviços públicos é evidenciada nas reclamações da população e das(os) estudantes. Mas as queixas sobre saúde, transporte público, saneamento básico e outros serviços são feitas apenas entre elas e eles, sem um direcionamento para que cheguem às autoridades competentes.

Isso nos fez pensar em um conjunto de ações que pudessem contribuir para a solução dos problemas. Além disso, estamos passamos por um momento político bastante conturbado, havendo muitas críticas e ataques ao sistema democrático. Muitas pessoas estão desacreditadas da política; e isso também ocorre entre as(os)estudantes. Acredito que ensinar sobre Democracia permite que o estudante conheça os mecanismos para contribuir para a melhoria das suas próprias condições de vida, no seu bairro, estado e no seu país. Isso pode mudar a imagem que se tem da política como algo ruim. É, na verdade, algo necessário.

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Política não é algo ruim. É algo necessário

Diogo Jordão Silva

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Futura: Qual é a importância do território, do contexto local, para o planejamento de suas aulas? A comunidade escolar e de seu entorno é envolvida?

DJS: A Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico e visa contribuir para a formação cidadã dos estudantes. Considero que essa formação cidadã só é possível quando o estudante se sente parte daquele lugar e possui capacidade para melhorá-lo.

Mas, muitas das vezes, os alunos só estudam o espaço que está distante, sem fazer uma conexão com a sua realidade. Por isso, nas minhas aulas, busco sempre contextualizar os conteúdos com a vida delas e deles… Sempre busco levar mapas e imagens de satélite do bairro e da cidade, e fazemos aulas de campo no entorno da escola, onde os alunos têm a oportunidade de aprender a partir do contato com a comunidade.

Vários estudantes em uma sala que parece ser de artes
A turma do 2º ano do Ensino Médio vivenciou as atividades de geografia em todo o espaço escolar. (Foto: acervo pessoal)

Futura: O debate e a troca de vivências em sala de aula são parte essencial do seu trabalho. Alguma iniciativa partiu da própria turma? Conta pra gente!

DJS: No projeto Nos trilhos da Democracia busquei que a(o) estudante fosse protagonista de todo o processo. Elas e eles debateram temas, fizeram pesquisas na internet, entrevistaram moradores, conversaram com uma vereadora e compartilharam seus conhecimentos com outros estudantes e pessoas da comunidade. Na parte final do projeto criamos um jogo de tabuleiro e eles mesmos aplicaram toda aquela experiência em um evento na escola.

Futura: Que ferramentas e modelos pedagógicos costumam estar presentes em suas aulas?

DJS: Considero que a diversificação de metodologias no ensino é muito importante para motivar o aluno, principalmente na Geografia. Sempre que possível, trabalho com leitura e análise de mapas, filmes e documentários, pesquisas na internet e aulas de campo (ou aulas-passeio). Gosto das aulas de campo porque os alunos têm a oportunidade de analisar o espaço in loco.

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Aulas-passeio não são uma simples visita. Os estudantes fazem entrevistas, tiram fotos e, a partir daquela vivência, realizam outras atividades em sala de aula

Diogo Jordão Silva

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Estudantes ao lado do professor em uma fachada de escola possivelmente com escada de concreto
Explorar conteúdos dentro e fora de sala de aula foi um dos alicerces do projeto pedagógico Nos trilhos da democracia. (Foto: acervo pessoal)

Futura: Em tempos de pandemia, por conta do novo coronavírus, que sugestões e dicas você daria para as(os) colegas que se veem diante do desafio de trabalhar a Geografia de forma remota?

DJS: Essa pergunta é bem difícil de responder, pois cada professor está trabalhando de forma específica, de acordo com a realidade da sua escola e dos seus estudantes. Nem todos conseguem dar aula por chamadas de vídeo, por exemplo.

Acho que as(os) professores devem conversar com suas turmas para entender a melhor forma de trabalhar os conteúdos. No meu caso, tenho evitado aplicar atividades em excesso. E, na medida do possível, busco contextualizar as atividades com os temas discutidos no momento, como a própria pandemia. O professor de Geografia pode, por exemplo, sugerir atividades de análise espacial dos dados da Covid-19, por meio dos gráficos e mapas disponibilizados diariamente pela mídia.

Interior de uma sala de aula com um homem em pé apontando para o quadro e possivelmente fazendo uma apresentação para outras pessoas que estão sentadas à sua frente
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Com as atividades em sala, elas e eles se tornaram professores, ensinando e multiplicando os valores democráticos

Diogo Jordão Silva

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Sobre o Prêmio Educador Nota 10

O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998 pela Fundação Victor Civita que, desde 2014, realiza a premiação em parceria com Abril, Globo e Fundação Roberto Marinho.

Reconhece e valoriza professores da Educação Infantil ao Ensino Médio e também coordenadores pedagógicos e gestores escolares de escolas públicas e privadas de todo o país.

O Prêmio tem o patrocínio da Fundação Lemann, SOMOS Educação e BDO, e o apoio da Nova Escola, Instituto Rodrigo Mendes e Unicef. Desde 2018, o Prêmio Educador Nota 10 é associado ao Global Teacher Prize, prêmio global de Educação.

Ao longo das últimas 22 edições, foram recebidos mais de 75 mil projetos, e foram premiados 241 educadores, entre professores e gestores escolares, que receberam aproximadamente R$ 2,6 milhões.

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